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Sensores de posicionamento inteligentes, absolutos e sem desgaste mecânico: alta precisão, elevada durabilidade e baixo custo. Entenda como funciona esta tecnologia e conheça suas principais características.
Transdutores Lineares de Posição Magnetostritivos funcionam através do princípio físico de mesmo nome, chamado Magnetostrição. Este princípio permite aos transdutores de posição alta durabilidade, resistência e precisão, pois não existe qualquer tipo de contato físico, ou seja, não há qualquer tipo de desgaste mecânico.
Funcionamento
Tudo se inicia em um componente interno chamado Guia de Onda. Este componente é responsável pela detecção de um posicionador magnético que se movimenta próximo ao transdutor.
Quando o sensor é ligado, um sistema eletrônico gera periodicamente pulsos elétricos que são emitidos diretamente no Guia de Onda. Estes pulsos são chamados de pulsos de início ou pulsos de start.
Existe uma propriedade física que determina que todo condutor elétrico, quando energizado, gera ao redor de si mesmo um campo eletromagnético. Esta característica pode ser observada em transformadores e motores elétricos – equipamentos que utilizam este princípio como base de seu funcionamento.
Assim, quando o Guia de Onda recebe o pulso de start, este mesmo pulso induz ao redor do próprio Guia de Onda um campo eletromagnético de baixa amplitude. Quando há a proximidade de um ímã – também chamado posicionador magnético – ocorre uma interferência entre o campo eletromagnético do Guia de Onda e o campo magnético do posicionador. Esta interferência é responsável por gerar no próprio Guia de Onda uma deformação mecânica (princípio físico da Magnetostrição- veja o box).
Magnetostrição (ou Magnetoestrição): é a deformação elástica de um material ferromagnético quando seu estado magnético é alterado”.
Esta deformação mecânica inicia-se no ponto onde está localizado o magneto e tende a se deslocar por toda a extensão do Guia de Onda, em uma velocidade ultrassônica de valor conhecido. Para facilitar o entendimento, imagine uma barra de alumínio de 6m de comprimento. Em uma de suas extremidades é realizado um movimento de torção, girando a barra em seu próprio eixo. Instantaneamente, a outra extremidade permanece parada. É necessário um período de tempo que, embora curto, permite que a deformação mecânica (no caso a torção) percorra todo o comprimento da barra.
Esta mesma situação acontece dentro do transdutor, onde a deformação mecânica causada pelo princípio da Magnetostrição gera uma torção física que se propaga em toda a extensão do próprio Guia de Onda. Em uma das extremidades do Guia, existe um componente sensor que detecta esta torção e converte em um outro pulso elétrico, agora chamado de pulso de parada, ou pulso de stop.
Observe a representação deste componente e dos campos magnéticos na figura 1.
F1. Princípio de funcionamento do Transdutor.
Assim, o sensor gera um pulso elétrico diretamente no Guia de Onda, que por sua vez, gera um campo eletromagnético ao redor de si mesmo. Quando há a presença do magneto (posicionador), ocorre uma interferência entre os campos que geram no Guia de Onda uma torção mecânica.
Esta torção inicia-se no ponto onde está o magneto e tende a se propagar em ambas as direções do transdutor. Esta propagação tem uma velocidade ultrassônica e leva certo tempo até chegar à Bobina Sensora, e gera um novo pulso elétrico chamado de Pulso de Stop.
Caso o magneto esteja próximo a esta Bobina Sensora, o tempo de percurso da torção mecânica é curto, pois possui um percurso menor para correr. Caso o magneto esteja longe da Bobina Sensora, obviamente é necessário um tempo maior de propagação desta torção mecânica.
Uma placa eletrônica dentro do sensor gerencia e analisa estes dois pulsos elétricos: o Pulso de Start e o Pulso de Stop, calculando o tempo entre os dois. Esta diferença de tempo dependerá da posição do magneto, e indicará sua posição com alta precisão e excelente linearidade.
Todo este processo ocorre em um tempo muito curto, menor que um milissegundo, pois a velocidade de propagação da deformação mecânica no Guia de Onda é elevada – aproximadamente 3 km em apenas 1 segundo. Assim, o transdutor atualiza a saída elétrica no mínimo 1000 vezes por segundo.
Sinais de Saída
Para que possa se comunicar com sistemas de controle comerciais como CLP (PLC) ou controladores similares, o sensor converte o sinal Start-Stop proveniente do sistema do Guia de Onda em um sinal de protocolo comum, podendo ser analógico de tensão, analógico de corrente, serial ou protocolo de rede:
- Analógicos de tensão (0...+10 Vdc, +10...0 Vdc, +10...-10 Vdc, -10...+10 Vdc, 0...5 Vdc, 0,5...4,5 Vdc);
- Analógicos de corrente (4...20 mA, 20...4 mA, 0...20 mA, 20...0 mA, HART);
- Serial (Síncrona ou Assíncrona, código Gray ou código Binário, resolução de 0,1 mm a 0,0005 mm);
- Start-stop;
- PWM;
- CANbus (CanOpen, Canbasic, SAE J1939);
- DeviceNet;
- Profibus-DP;
- EtherCAT;
- EtherNet/IP;
- Powerlink V2;
- Modbus;
- DDA;
- Foundation Fieldbus.
Cerca de 80% a 90% das aplicações utilizam sinais analógicos, sejam de tensão ou de corrente. Isto se deve basicamente a dois fatores: custo e facilidade de comunicação. O sensor com saída analógica possui um custo baixo e pode ser facilmente conectado a CLPs comerciais atuais.
Aplicações
Uma das aplicações mais comuns para um transdutor linear de posição é para controle de movimentação de cilindros hidráulicos. Neste caso, o transdutor é instalado internamente ao cilindro e um anel magnético instalado no êmbolo (figura 2).
F2. Transdutor instalado em um cilindro para controle de avanço.
Fica fácil entender que conforme há o avanço do êmbolo do cilindro, o magneto em anel acompanha o movimento e permite ao transdutor identificar facilmente o posicionamento.
Embora seja uma aplicação clássica, é necessário observar alguns detalhes, como a usinagem do êmbolo, a redução do esforço máximo suportado pelo cilindro e a necessidade de conexões elétricas.
Este tipo de solução permite o controle em malha fechada de sistemas automatizados, também chamados de controle PID.
Sensores desta tecnologia são utilizados em usinas hidrelétricas, moendas e difusores de cana de açúcar, máquinas agrícolas, máquinas para construção civil, laminadores em siderurgias, máquinas de sopro e injeção de plástico, injetoras e extrusoras de alumínio, controle de nível de tanques, fechamento e abertura de comportas, posicionamento de facas em máquinas de papel, avanço de ferramentas em tornos, além de diversas outras aplicações.
Formato
Para facilitar a instalação nas mais diversas aplicações, existem diversos formatos construtivos dos transdutores. Podemos citar basicamente três grandes grupos de formatos mecânicos:
Formato de Perfil
Este tipo de formato facilita a instalação de forma externa, através de suportes próprios, sendo largamente utilizado em máquinas como injetoras, extrusoras, sopradoras, moendas, difusores, prensas, etc.
Possui a vantagem de ser mais econômico, pois não necessita suportar altas pressões como as pressões hidráulicas de um cilindro.
O magneto posicionador pode ser fixado de forma a acompanhar o perfil do transdutor, garantido sua posição sempre em cima do mesmo. Este tipo de magneto recebe uma rótula responsável por permitir liberdade de movimento. Este magneto também pode ser instalado em conjunto com um braço extensor mecânico.
Formato de Haste
Este formato possui basicamente duas aplicações principais: para controle de avanço de cilindros hidráulicos e para controle de nível de líquidos.
Para controle de avanço de cilindros hidráulicos necessita ser instalado de forma interna a cilindros hidráulicos ou pneumáticos, como mostrado na foto anterior.
Existem algumas variações neste formato, permitindo a instalação com a cabeça eletrônica de controle na parte externa (facilitando uma possível troca) ou interna (onde existe limitação de espaço).
Algumas variações deste tipo de sensor podem ser facilmente encontradas, como modelos com hastes separadas da eletrônica – para temperaturas de trabalho para até 180°C, hastes flexíveis, sensores com grau de proteção IP69K e construção em aço inox – para aplicações em indústrias alimentícias e sensores com sistema de programação.
A aplicação em controle de nível utiliza uma ou mais boias com ímãs embutidos.
Neste caso, a boia flutua na superfície do líquido e o sensor detecta sua posição em uma instalação vertical. A principal vantagem deste tipo de sensor fica na obtenção exata do volume de tanques com até 22 m de altura, ignorando possíveis espumas. Seu funcionamento não é afetado por névoa ou partículas em suspensão, o que também é uma vantagem. Este tipo de contaminação pode gerar um erro de leitura em outras tecnologias.
Ainda existe a possibilidade de uso de uma boia adicional, para detecção da interface entre líquidos de densidade diferentes, como por exemplo água e óleo. Observe a figura 3.
F3. Aplicação em medição de nível.
Neste caso, além das duas boias que são identificadas pelo Guia de Onda, há ainda a existência de vários sensores de temperatura. Estes sensores são importantes para a correção do erro de leitura de volume, causado pela variação de temperatura entre o topo do tanque (normalmente mais quente, devido à incidência do Sol) e o fundo (mais frio devido à temperatura da terra embaixo).
Vários tipos de materiais de revestimento são utilizados para que o sensor ou as boias não sejam agredidos por componentes químicos que estejam estocados nos tanques. Não é raro encontrar sensores revestidos com Teflon®, por exemplo.
Outra característica interessante é a utilização de sensores com hastes flexíveis, o que facilita a instalação de sensores com comprimentos grandes. Formatos com flanges sanitárias ou indicadores acoplados complementam este tipo de sensor para utilização nas mais diversas aplicações.
Esta tecnologia não pode ser utilizada para detecção de nível de sólidos ou líquidos pastosos, pois a boia pode “enroscar” na haste e indicar uma posição errada ao sensor.
Deve-se utilizar o bom senso. Certa vez um cliente necessitava detectar o nível de chocolate líquido. Teoricamente o sensor funcionaria, porém quando o chocolate baixasse seu nível, a haste ficaria “lambuzada” e este chocolate presente na haste se solidificaria, impedindo o livre movimento da boia. Obviamente o sensor não iria funcionar e foi necessário adotar outra tecnologia de sensoriamento.
Formato com Haste Interna
Este formato assemelha-se ao desenho de um cilindro pneumático. O transdutor é instalado dentro de um perfil e o magneto posicionador é movimentado através da atuação de uma haste.
Sua principal vantagem está na facilidade de instalação, substituindo facilmente produtos com princípio de resistências variáveis, como as réguas potenciométricas.
Quando instalado utilizando duas rótulas, permite um controle de posicionamento e distância entre duas partes móveis das máquinas ou ainda de um movimento angular (figura 4).
F4. Formato com haste interna – facilidade de instalação
Conclusão
Existem ainda diversos tipos de transdutores com versões e formatos especiais, dedicados a aplicações seriadas ou com alto grau de complexidade.
Para a escolha do modelo dos sensores, a primeira etapa é identificar qual o melhor formato físico atende a necessidade de aplicação. A partir deste ponto define-se o comprimento útil, o tipo de alimentação e o sinal de saída. Por fim escolhe-se entre os conectores disponíveis e comprimentos de cabo.
Neste processo, profissionais das indústrias fabricantes podem auxiliar para que não hajam erros ou custos elevados na aquisição deste tipo de produto.
Como este produto não possui desgaste físico, sua vida útil deve se prolongar por diversos anos, dependendo da aplicação. Caso esteja encontrando dificuldades e trocas constantes, consulte um técnico de sua confiança ou solicite auxílio da engenharia dos fabricantes. Pode ser que o modelo utilizado não seja o mais indicado.
Fonte: Mecatrônica Atual.
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